
O olfato é o único dos nossos sentidos que faz uma conexão direta com o sistema límbico no cérebro. Todos os outros sentidos são processados no tálamo antes que a informação sejam reunidas e enviadas para o lado racional do cérebro. O sistema límbico é a porta de entrada para nossa intuição, memória, emoções, sonhos e consciência superior. Como os cheiros que sentimos são processados nessa área do cérebro, ele acaba influenciando diretamente sobre esses aspectos especiais de nossas vidas, sendo o sentido que mais nos conecta espiritualmente, aí está o mistério por trás do ato de cheirar, pois os aromas ajudam a abrir as portas ao divino em nós, ativando algo dentro de nossa consciência que nos permite alcançar certos estados de espírito ou de sentimento mais elevados.
Na maioria das culturas e sistemas de crenças espirituais e religiões o olfato sempre esteve associados ao divino de alguma forma e era considerado o sentido mais exaltado. Há muitas razões pelas quais quase todas as práticas religiosas e espirituais incorporaram em seus rituais as plantas aromáticas, seja na forma de incenso, óleos de unção ou perfumes, como um portal ou ponte de mundos, como forma de se prepararem internamente e externamente para a conexão sagrada ou comunhão com o divino.
As moléculas aromáticas das plantas específicas também nos ajuda a sair da mente pensante, das preocupações do dia a dia, para que possamos ter mais clareza, discernimento e atenção para as práticas de intenções sagradas. Ao mesmo tempo, os aromas também fazem algo fora de nós, purificando e harmonizando o ambiente, criando uma atmosfera favorável.
Desde o início dos tempos, os aromas tem sido usados para apaziguar a mente e o espírito e é universalmente usado como uma oferenda sagrada, mais comumente na forma de incenso, à medida que a fumaça sobe para os céus.
Em culturas mais antigas e em muitas tradições espirituais como budismo, xamanismo, dentre outras, as plantas aromáticas e o incenso são uma parte intrínseca da vida cotidiana e espiritual que são respeitadas e profundamente estudadas. Uma das práticas mais profundas é Koh-do, a prática japonesa em a cerimônia do incenso de "Ouvir o Incenso", também conhecida como "O Caminho do Incenso". Um ritual de se preparar internamente para a meditação e comungar com aromas das plantas e seus espíritos, ouvindo seus aromas e a intuição num estado aprofundo de consciência.
Existe algo misterioso, muito superior em relação ao olfato que talvez a ciência não possa explicar, talvez uma sabedoria ancestral, instintiva que nos acompanha em nosso subconsciente.